Seja Bem Vindo!

Seja Bem Vindo! -Et pro Bono pacis, Deus vobiscum! -

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

"O Anticristo" - p. 91, LII - NIETZSCHE, Friedrich

‎"O cristianismo acha-se também em contradição com toda a boa constituição intelectual: só pode servir-se da razão enferma como razão cristã, interessa-se por tudo aquilo que carece de inteligência e pronuncia o anátema, contra o espírito, contra a soberba do espírito são." 

Deus nos livre de um Brasil evangélico - Ricardo Gondim

Começo este texto com uns 15 anos de atraso. Eu explico. Nos tempos em que outdoors eram permitidos em São Paulo, alguém pagou uma fortuna para espalhar vários deles, em avenidas, com a mensagem: “São Paulo é do Senhor Jesus. Povo de Deus, declare isso”.

Rumino o recado desde então. Represei qualquer reação, mas hoje, por algum motivo, abriu-se uma fresta em uma comporta de minha alma. Preciso escrever sobre o meu pavor de ver o Brasil tornar-se evangélico. A mensagem subliminar da grande placa, para quem conhece a cultura do movimento, era de que os evangélicos sonham com o dia quando a cidade, o estado, o país se converterem em massa e a terra dos tupiniquins virar num país legitimamente evangélico.

Quando afirmo que o sonho é que impere o movimento evangélico, não me refiro ao cristianismo, mas a esse subgrupo do cristianismo e do protestantismo conhecido como Movimento Evangélico. E a esse movimento não interessa que haja um veloz crescimento entre católicos ou que ortodoxos se alastrem. Para “ser do Senhor Jesus”, o Brasil tem que virar "crente", com a cara dos evangélicos. (acabo de bater três vezes na madeira).

Avanços numéricos de evangélicos em algumas áreas já dão uma boa ideia de como seria desastroso se acontecesse essa tal levedação radical do Brasil.

Imagino uma Genebra brasileira e tremo. Sei de grupos que anseiam por um puritanismo moreno. Mas, como os novos puritanos tratariam Ney Matogrosso, Caetano Veloso, Maria Gadu? Não gosto de pensar no destino de poesias sensuais como “Carinhoso” do Pixinguinha ou “Tatuagem” do Chico. Será que prevaleceriam as paupérrimas poesias do cancioneiro gospel? As rádios tocariam sem parar “Vou buscar o que é meu”, “Rompendo em Fé”?

Uma história minimamente parecida com a dos puritanos provocaria, estou certo, um cerco aos boêmios. Novos Torquemadas seriam implacáveis e perderíamos todo o acervo do Vinicius de Moraes. Quem, entre puritanos, carimbaria a poesia de um ateu como Carlos Drummond de Andrade?

Como ficaria a Universidade em um Brasil dominado por evangélicos? Os chanceleres denominacionais cresceriam, como verdadeiros fiscais, para que se desqualificasse o alucinado Charles Darwin. Facilmente se restabeleceria o criacionismo como disciplina obrigatória em faculdades de medicina, biologia, veterinária. Nietzsche jazeria na categoria dos hereges loucos e Derridá nunca teria uma tradução para o português.

Mozart, Gauguin, Michelangelo, Picasso? No máximo, pesquisados como desajustados para ganharem o rótulo de loucos, pederastas, hereges.
Um Brasil evangélico não teria folclore. Acabaria o Bumba-meu-boi, o Frevo, o Vatapá. As churrascarias não seriam barulhentas. O futebol morreria. Todos seriam proibidos de ir ao estádio ou de ligar a televisão no domingo. E o racha, a famosa pelada, de várzea aconteceria quando?

Um Brasil evangélico significaria que o fisiologismo político prevaleceu; basta uma espiada no histórico de Suas Excelências nas Câmaras, Assembleias e Gabinetes para saber que isso aconteceria.

Um Brasil evangélico significaria o triunfo do “american way of life”, já que muito do que se entende por espiritualidade e moralidade não passa de cópia malfeita da cultura do Norte. Um Brasil evangélico acirraria o preconceito contra a Igreja Católica e viria a criar uma elite religiosa, os ungidos, mais perversa que a dos aiatolás iranianos.

Cada vez que um evangélico critica a Rede Globo eu me flagro a perguntar: Como seria uma emissora liderada por eles? Adianto a resposta: insípida, brega, chata, horrorosa, irritante.

Prefiro, sem pestanejar, textos do Gabriel Garcia Márquez, do Mia Couto, do Victor Hugo, do Fernando Moraes, do João Ubaldo Ribeiro, do Jorge Amado a qualquer livro da série “Deixados para Trás” ou do Max Lucado.

Toda a teocracia se tornará totalitária, toda a tentativa de homogeneizar a cultura, obscurantista e todo o esforço de higienizar os costumes, moralista. 
O projeto cristão visa preparar para a vida. Cristo não pretendeu anular os costumes dos povos não-judeus. Daí ele dizer que a fé de um centurião adorador de ídolos era singular; e entre seus criteriosos pares ninguém tinha uma espiritualidade digna de elogio como aquele soldado que cuidou do escravo.

Levar a boa notícia não significa exportar uma cultura, criar um dialeto, forçar uma ética. Evangelizar é anunciar que todos podem continuar a costurar, compor, escrever, brincar, encenar, praticar a justiça e criar meios de solidariedade; Deus não é rival da liberdade humana, mas seu maior incentivador.

Portanto, Deus nos livre de um Brasil evangélico.

Soli Deo Gloria
7-02-11

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Cristianismo x Religião?


Existe hoje algumas coisas que me chamam muito a atenção. Existem conceitos muito religiosos que destroem o que, os religiosos, pensam estar ajudando a construir.

Podemos usar como ilustração comparativa algumas profissões.

- Religiosos e Publicitários, que buscam mostrar, valorizar, as "QUALIDADES" e esconder os "DEFEITOS"! Nenhum publicitário publica os defeitos da marca!

- E por que não, o religioso e o ator? Porque entendemos que ambos possuem várias faces! “Mostro o que convém quando convir!”. Uma verdadeira peça teatral!

- E o médico? Aqui está o problema. MÉDICO NÃO! Médico não, porque o religioso e o médico são quase que como antíteses. Enquanto um busca cuidar o outro se faz melhor em adoecer! Enquanto um busca mostrar soluções ao doente o outro cria patologias que agravam a doença. O pior é lembrar: - como se não fossem doentes também.

Enquanto um se apresenta como Cristo (“Os sãos não necessitam de médico, mas, sim, os que estão doentes; eu não vim chamar os justos, mas, sim, os pecadores ao arrependimento” Mc. 2.17) o outro se faz como os farizeus (separados) que vivem mostrando, qualificando, apontando a doença. Doença essa, a qual também possui e portanto, necessita do mesmo remédio. Só existe um!

Um amigo, numa conversa online, me perguntou: “Bruno, as práticas Ascéticas e Religiosas acrescentam algo a Deus?” (Ascetismo cristão se trata do ato de acrescentar coisas à “regra de fé e prática” em prol de uma vida “santa”, “separada”, “pura”) Tive que responder afirmando algo simples, notório e lógico: “Nunca! Eles só refletem o mau que tanto acusam!”. O fato de se acharem e se “fazerem” melhores, mais qualificados a Deus, mostra o que são. Como todos os outros a quem apontam”. Nisso se retrata a religião. Negar a Cristo!

Pela Graça de Deus, me tornei obediente pela obediência de Cristo. Pela Graça de Deus me tornei puro pela pureza de Cristo. Pela Graça de Deus eu morri com Cristo naquela cruz. Nisso se baseia a fé cristã! A Morte de Jesus só foi a conclusão de uma história que me restaura, purifica, regenera e santifica.

Já a Religião ensina um conceito que afasta Cristo daqueles a quem Cristo quer alcançar. Nossa sorte é que nada pode impedir ou prejudicar o que foi perfeito, porque o perfeito é de Deus! Perfeito é Deus! O que pode contra Ele? O que está à altura Dele para ser hostil ao seu poder, à sua majestade, à sua onisciência? O que pode se igualar ou nivelar contra e a tamanho de Deus? Deus é só um! Não há nada igual!

Jesus nos chama ao cuidado e a ajuda do próximo. A olhar e acolher o necessitado. Amá-lo como a si mesmo se ama. Jesus não nos convida a julgar e penitenciar com ombros de quem pode isso. Meu Juiz é outro e meu Advogado é quem paga minha sentença. Tudo vem Dele e por isso, para Ele. Portanto, Perfeito!

Bruno Sathler
Et pro Bono pacis, Deus vobiscum!